terça-feira, 4 de dezembro de 2012


 Continuação da Resenha de Adolphe Bossert e sua obra: "Introdução a Schopenhauer", traduzido para o Português por Regina Schopke e Mauro Baladi e editado pela editora Contraponto em 2011_ (segunda parte).   





Aquiles, neste sentido, não se tornou um herói por causa de sua “bela morte” ( a chamada  morte heroica), mas por causa de sua vida, ou não ter jamais  trapaceado consigo mesmo, por ter-se mantido íntegro e coeso, fiel a si mesmo, por ter enfrentado sem temor ,ou mesmo com algum, mas de pé e sem se acovardar tanto a vida quanto a morte” (PG. 9);
“O herói é simplesmente aquele que ensina, por seu próprio exemplo, que é possível ser livre, é possível ser senhor de si, não se curvando jamais, nem por toda a riqueza e o  prestígio do mundo. A glória da eternidade é a única que lhe cabe; e esta só se conquista ao se viver de verdade e sem trair a própria natureza.” (PG. 9);
“Dentre esses encontra-se o filósofo alemão Arthur Schopenhauer(1788-1860), que, como Aquiles, morreu  honrosamente num campo de batalha e, de certo, numa guerra mais poderosa e nobre que qualquer outra guerra travada pelo pensamento contra a ignorância que escraviza a humanidade”. (PG. 10);
“Apesar da inegável influência que o pensamento de Schopenhauer  exerceu sobre os mais diversos escritores e pensadores- como Nietzsche  Wittgenstein, Freud, Thomas Mann,Borges e até mesmo Machado de Assis-, não são muitos os que conhecem verdadeiramente a sua obra. Ele, que atacou tão duramente Hegel e toda a filosofia acadêmica da sua época (por considerá-la essencialmente estéril e até mesmo perniciosa para as mentes mais brilhantes), acabou, como não poderia  deixar de ser, atraindo a antipatia de muitos de seus contemporâneos  o que o ajudou a permanecer por longo tempo no ostracismo.No entanto, Schopenhauer jamais se deixou intimidar pelos comentários maldosos  e depreciativos sobre seus escritos. Assim, como todo grande pensador, ele não faz concessões para ser aceito e apreciado nos meios intelectuais , sendo fiel apenas á filosofia e a si mesmo. “( PG.10).
“ Seu pensamento, sempre citado, nos dicionários e Histórias da Filosofia, como essencialmente pessimista, nos surpreende pela clareza (pouco comum nos alemães como diz o próprio Schopenhauer) e também por apresentar um estudo inusitado sobre a felicidade ou, mais exatamente, sobre a possibilidade de se atingir alguma plenitude nesta vida”(PG 10);
“ Sim, uma “ arte de ser feliz(que Schopenhauer designa pelo nome de “Eudemologia”, ou “Eudemonismo”) não nega nem contradiz, como pode parecer, a sua ideia  central de que a vida é dor e sofrimento( com algumas breves pausas de alegria).Mas é claro que termina por suscitar uma reflexão mais profunda acerca  do próprio sentido do pessimismo Schopenhaueriano, já que, dentre outras coisas, o célebre “ mestre do pessimismo” ( como foi muitas vezes chamado) defendia que devemos abrir todas as portas quando a felicidade se apresenta, porque ela nunca deve  ser considerada inoportuna. (PG 11);
“Isso quer dizer, em outras palavras, que Schopenhauer não nega que existam verdadeiras alegrias nesta vida. Para ele, porém, elas são sempre mais fugazes que as dores. Neste ponto, em especial, ele concorda com Aristóteles, quando este afirma que a verdadeira felicidade consiste basicamente na ausência da dor. Por mais intensa que seja qualquer alegria, a presença da dor sempre a ultrapassa, segundo o filósofo alemão. Eis porque, para Schopenhauer, uma arte de ser feliz deve nos ensinar a reconhecer tudo o que fatalmente provocará nosso sofrimento, independentemente dos nossos desejos e aspirações. Aliás, a questão é ainda mais profunda; o desejo, sem o governo da razão, é a causa maior das nossas maiores angústias e decepções, em nada contribuindo para a nossa felicidade. Digamos que, por alguns instantes de prazer, muitos se arriscam anos de tormento; é isto que Schopenhauer gostaria de mostrar e de ensinar a evitar- o que, em parte, não é muito diferente do alerta de Spinoza, que, em sua ética, nos expõe os riscos dos maus encontros, das paixões tristes e despotencializadoras. Mas, sem dúvida, Schopenhauer radicaliza a questão e entende que só a cessação da vontade pode, de fato, permitir que se tenha alguma paz de espírito nesta vida; (pg 11);
“ È assim que, independentemente de ser um pessimista e, de fato, mostrar-se um tanto indisposto em relação á vida( o que , no fundo, revela mais sua indisposição em relação aos próprios homens, ou , mais exatamente, aos caminhos traçados pela humanidade, posto que é isso que tem tornado a vida tão irrespirável e miserável), Schopenhauer não deixa de ser genial e brilhante, não sendo outra a razão pela qual o próprio Nietzsche o chamou de “ o educador”, aquele que pode verdadeiramente nos ensinar algo de valor, para a nossa vida.( PG 12);
“ E, afinal de contas, Schopenhauer não está tão equivocado quando diz que as paixões podem nos escravizar de modo irremediável. Há, de fato, que ser senhor de si mesmo para não se tornar um escravo delas, já diziam os estoicos gregos. O meio-termo, neste caso, como em quase tudo, seria o melhor caminho, diria Aristóteles( e assim, trata-se mais de governar as paixões do que de extirpá-las), embora Schopenhauer, neste ponto, não concorde com ele e proponha o abandono completo das paixões mundanas e de tudo o que desvia a razão de seu caminho para uma existência superior ou mais digna. E isso só é possível , segundo Schopenhauer, se rompermos com a cadeia ininterrupta dos desejos que leva os homens a viverem buscando,sem desejos que leva os homens a viverem buscando, sem cessar, prazeres fugazes e inconstantes; prazeres que ora fazem sofrer  por não se realizarem, ora desencadeiam outros desejos tão logo sejam satisfeitos, e, assim, ao infinito. (pg 13);”
“Pois bem:  dito isso, voltemos a falar um pouco mais do próprio  conceito de pessimismo.Sem dúvida, as conclusões de Schopenhauer acerca  da miséria da existência e também da necessidade de supressão da vontade( única maneira, para ele, de se atingir uma  duradoura paz de espírito) fazem dele um pessimista. Mas, a despeito da negatividade deste conceito, que apareceu primeiramente entre os ingleses, mas encontrou sua melhor expressão na filosofia de Schopenhauer, o pessimismo nada mais é do que uma reação vigorosa á concepção leibniziana de que vivemos no melhor dos mundos possíveis”. (PG 14);
“ Ainda assim, independentemente suas próprias considerações, é inegável  que Schopenhauer também foi movido  por uma grande e incontrolável paixão: a paixão pelo pensamento, a paixão pela filosofia. Sim é fato que, para ele, existe uma diferença de natureza entre as paixões mundanas e o amor do filósofo pela verdade e pelo conhecimento”. Pg 15;
“ No entanto, no fundo de tudo o que nos move está a paixão, essa chama, essa força vital  que não nos permite, nem que queiramos, desviar atenção do  nosso objeto do amor. Para o bem ou para o mal, a isso chamamos “ paixão”, e não é sem razão que filósofos como Spinoza, o barão de Holbach, Jean- Marie Guyau e Nietzsche não a veem como um sentimento(pulsão, afeto etc), negativo e perigoso, a não ser quando ela se fixa em algo que nos despotencializa , nos enfraquece.
“Nesse caso, como pensa o próprio Spinoza, a qualidade do nosso amor é medida pela qualidade do objeto que amamos. È assim que nossas paixões podem ser alegres ou tristes, ou  com os sublimes. “( pg 15).
“De fato, Schopenhauer é um homem austero, duro, ás vezes até mal-humorado, mas também é  aquele que passeia  alegremente todos os dias com seu cão e que defende que 90% da nossa felicidade residem na saúde, deixando aos homens e, sobretudo, aos  filósofos do futuro a lição de que é preciso cuidar tanto do corpo quanto do espírito. È assim que, pessimista ou   niilista, Schopenhauer continua sendo o gram  mestre da humanidade” (pg 23);
“ Um sistema filosófico pode ser considerado sob dois pontos de vista: ele é ao mesmo tempo a consequência dos sistemas  que o precederam e o produto do gênio individual de um filósofo.À primeira vista, parece que os sistemas procedem uns dos outros por uma espécie de desenvolvimento orgânico e quase ine vitável. Aqui, porém, não mais  que outras áreas, a liberdade humana não abdica de seus direitos. Schopenhauer não teria sido o que foi se não tivesse vindo depois de Kant: mas sua doutrina também não se justificava sem a natureza de sue espírito e as circunstâncias de sua vida. Nesse aspecto, não existe diferença alguma entre história da filosofia e a história literária.” (PG.25);
“ Schopenhauer  que teve fama apenas tardiamente, não viveu o bastante para publicar uma edição completa de suas obras. No entanto, ele se preocupava muito com a forma pela qual a posteridade iria conhecê-lo. Havia nascido escritor, e para ele um pensamento só se completava quando encontrasse sua expressão na linguagem Schopenhauer indicava a ordem na qual sues escritos devem ser classificados” (PG. 26);
 “ Em 1873-1874, Frauenstaedt publicou a primeira edição das obras de Schopenhauer” (PG.26);
“ A filosofia de Schopenhauer foi objeto de um estudo detalhado e crítico na História da filosofia moderna, de Kuno Fischer. Na França, ela foi inicialmente julgada do ponto de vista do ecletismo espiritualista que ainda reinava em meados do século XIX. Ao mesmo tempo, A revista Germânia apresentava alguns fragmentos de tradução. Por fim, em 1870, Challemel-Lacour, que conhecera Schopenhauer em Frankfurt, fixou definitivamente a atenção sobre ele com um artigo eloquente que penetrava o cerne de sua doutrina”. (PG. 26);
“Schopenhauer escreveu pouco; ele se gabava de ser um oligógrafo. Mesmo sua correspondência é pouco  extensa, em parte composta por instruções dadas seus discípulos. As publicações parciais, que tiveram início logo depois  de sua morte, foram condensadas em duas coletâneas principais, embora ambas incompletas , que se complementam: a de Schemann, e a de Grisebach” (pg 27).
 * ( Escritor bissexto);
“ Na principal obra  de Schopenhauer  há um longo capítulo sobre a hereditariedade moral. Nenhum filósofo ou naturalista jamais duvidou de que as características físicas dos indivíduos, assim como as das espécies, sejam hereditárias, e a experiência de todos os dias o comprova. Porém, será que o mesmo acontece com tendências, aptidões e tudo aquilo que não está ligado essencialmente á forma do corpo?Pode-se dizer, de maneira absoluta, que “ filho de peixe, peixinho é, e que “tal pai, tal filho”? Schopenhauer não somente afirma isso como também pretende determinar, na transmissão das qualidades morais, a participação de cada um dos progenitores. O pai fornece o elemento primeiro  e fundamental de todo ser vivo: a necessidade de agir, a vontade da mãe deriva  a inteligência, aptidão secundária. Schopenhaer não tem dificuldade para encontrar na história fatos que justifiquem sua teoria; e simplesmente descarta os que a contradizem”(PG. 29);
“ Mas, sem dúvida, ele só pensava em si mesmo quando dizia: “ Que cada um comece por se observar , que reconheça  suas tendências e paixões, suas falhas de caráter, e fraquezas, seus vícios assim como seus méritos e virtudes- se os tiver”. (PG. 29);
“ os ascendentes paternos de Schopenhauer, tão longe quanto se possa chegar em sua genealogia, eram homens de vontade forte, com certa tendência para a excentricidade. A família tinha origem holandesa. O  avô era proprietário rural nos arredores de Dantzig. Sofreu alguns revezes da sorte, em parte em decorrência das revoluções políticas que fizeram com que a antiga cidade hanseática passasse da suserania dos reis da Polônia para o domínio da Prússia. Já viúva, a avó foi declarada louca, e tornou-se necessário atribuir-lhe um tutor judicial. Dos quatro filhos, o mais velho não tinha vontade própria: O segundo também se tornou uma personalidade fraca em consequência de uma vida de excessos.” (PG. 30);O quarto, Heinrich Floris, pai do filósofo, associou-se ao terceiro irmão para fundar em Dantzig uma casa comercial que logo se tornaria próspera. Era um  homem grande e forte, tinha boca larga, nariz arrebitado, queixo protuberante e problemas de audição”. (pg 30);
“Duas qualidades que não se podiam negar a Heinrich Schopenhauer eram uma vontade íntegra e firme- que não recusava um debate, embora terminasse  sempre por se impor- e uma amplitude de ideias muitas vezes presente em quem se dedicava ao grande comércio marítimo”.(PG. 30);
“Ele fizera seu aprendizado em Bordeaux e em seguida viajava pela França e pela Inglaterra. Era cosmopolita, mas, se pudesse ter escolhido uma nacionalidade, teria se tornado inglês. Todos os dias lia o Times. Antes dele um comerciante e que o chamaria de Arthur, por esse nome ser o mesmo em todas as línguas. No decorrer de suas viagens, assistira a uma inspeção de tropas,de Frederico II, em Potsdam, e atraíra a atenção do rei com seu ar de fidalgo. (PG 31);
“ Arthur tinha cinco anos quando a família, fugindo da ocupação prussiana, estabeleceu-se na cidade livre de Hamburgo. Sua única irmã, Adele, nasceu quatro anos depois, em 1797.No mesmo ano, o pai começou a ocupar-se da educação do filho. Heinrich Schopenhaer queria fazer de Arthur um fidalgo como ele, atento e dotado de sentido de justiça,avaliando as coisas por si próprio e sabendo se virar no mundo.Se ele preferia a carreira comercial a qualquer outra, não era por hábito ou preconceito, mas por razões precisas, pelo conforto e a  liberdade que ela proporcionava, o exercício que oferecia para todas as capacidades humanas. Havia dois meios de se preparar para isso:  o estudo de línguas e as viagens. Também estavam ali, segundo ele, os dois fundamentos de toda educação individual e a liberal. “ È necessário que meu filho”, dizia ele,”aprenda a ler no livro do mundo” Pg 30.
“ De acordo com a natureza da nossa inteligência, as ideias abstratas devem nascer de nossas percepções estas, portanto, devem preceder àquelas ”(PG 34);” Ao contrário, na educação artificial- que consiste em fazer dizer, em fazer aprender e em fazer ler-, a cabeça do estudante é recheada de ideias antes que ele se ponha em contato com o mundo” (PG 34);
“ A educação produz, assim mentalidades mal forjadas. O jovem depois de ter aprendido muito e lido muito, entra no mundo como uma criança perdida, ora totalmente inquieto, ora loucamente presunçoso. Ela fica com a cabeça cheia de ideias que se esforça por aplicar, mas que aplica quase sempre de maneira desastrada. Este o resultado de uma educação que põe a consequência adiante do princípio, ou seja, que segue um caminho contrário ao do desenvolvimento natural do nosso espírito.”(PG 34);
“ Arthur Schopenhauer, embora desfrutando de suas jovens experiências e desse primeiro olhar que lhe era dado lançar sobre o mundo, começava a manifestar gosto pelos estudos literários. Ele adorava ler os poetas e se aplicava no aprendizado de latim- tanto quanto lhe permitia o pouco tempo que  o programa da escola destinava as línguas antigas. Seus professores declaravam unanimemente que ele fora feito para a carreira de letras. Heinrich Schopenhauer- primeiro espantado, depois contrariado- talvez não tivesse resistido ao desejo do filho” se, em sua mente, a ideia de vida literária não estivesse indissoluvelmente ligada á da pobreza”.(PG 35)
“ Todas as vezes que dois homens se aproximam, é necessário que um dos dois dê o primeiro passo”. (PG36);
“ Admito  que o tom cerimonioso te aflija, mas ele é necessário á ordem social.” (PG 36);
“ Embora eu tenha pouco interesse pela fria etiqueta, gosto ainda menos das maneiras rudes das pessoas que só procuram agradar a si próprias”; (PG 36);


“Quando foi dada a Aquiles a chance de escolher entre ter uma vida longa,confortável e tranquila ou morrer nos campos de batalha,ele simplesmente não escolheu. Não escolheu porque, no fundo,não se tratava de uma escolha, e sim de fazer aquilo  que determinava a sua natureza- e sua natureza  exigia que  lutasse até o fim”. PG 9;
" Assim, o homem de gênio, em geral propenso á melancolia, mostra vez por outra essa serenidade particular que só a ele é possível , que paira sobre sua fronte como um raio de luz, e que se deve ao fato de que o seu espírito sabe se identificar completamente com o mundo exterior".(pg. 38);
" Um homem que encurva as costas sobre a mesa sua escrivaninha parece um sapateiro remendão disfarçado". (PG.39);
" Seu pai morreu em 20 de Abril. Não se sabe se caiu ou se jogou de um celeiro no canal que passava atrás da casa. As circunstâncias da morte jamais foram esclarecidas.Schopenhauer assegura- e podemos acreditar em sua palavra- que jamais houve no mundo um empregado de comércio pior que ele. Qualquer pretexto era bom para se furtar a um trabalho que o repugnava. A única coisa que o interessava nos últimos meses do inverno de 1805 eram as conferências que o dr. Gall foi fazer em Hamburgo, sobre frenologia".(PG.41);
* Franz Gall (1758-1828), médico alemão que criou a frenologia, pseudociência que estuda o caráter e as faculdades intelectuais do indivíduo pelo formato do crânio.
" Seu pai morreu em 20 de Abril. Não se sabe  se caiu ou se jogou de um celeiro no canal que passava atrás da casa. As circunstâncias da morte  jamais foram esclarecidas" (PG 41);
"O certo é que havia algum tempo se observava em Heinrich Schopenhauer uma singular fraqueza de memória; ele não reconhecia mais os amigos, falava com eles como se fossem estranhos". (PG 42);
" Na maioria das vezes, os loucos não se enganam no conhecimento daquilo que está imediatamente presente; suas divagações se relacionam sempre a coisas ausentes ou passadas, e, indiretamente, á ligação dessas coisas com o presente: por conseguinte, a doença parece  afetar sobretudo a memória"( PG 42);
" Se Schopenhauer ainda experimentava diante da austeridade crítica de Kant, uma espécie de pavor que logo iria superar, em compensação viu-se seduzido  desde o início pela teoria das idéias platônicas, modelos imortais das coisas perecíveis. Platão continuaria a ser sempre para ele o divino Platão". (PG 58);
" Assim, Platão é associado a Kant e tem mesmo precedência sobre ele, na primeira concepção da filosofia de Schopenhauer . Em geral, observa-se nele, durante todo o período de estudos, ao lado da tendência inata á observação pessimista, uma necessidade de contemplação ideal á qual , mais tarde, ele satisfaria com sua teoria das artes" ( PG. 58);
" O princípio da razão suficiente, objeto do primeiro escrito de Schopenhauer  não passa, no fundo, da regra mais geral da construção filosófica.Aplicada ao mundo exterior, ele se confunde com o princípio da causalidade. Nenhum fato se produz no mundo sem que exista uma razão  suficiente para isso, e é procurando essa razão que se chega a compreender o fato.. Na esfera de nossos conhecimentos teóricos, nenhuma afirmação é legítima a não ser que contenha em si mesma maiores chances de verdade que a afirmação contrária" (PG. 64);
" O que distingue o homem dos outros animais, é a razão, a faculdade da abstração que traz consigo o dom da linguagem". (PG. 66);
" Além das representações sensíveis , que o homeme partilha com os animais, ele também pode alojar em seu cérebro- que, sobretudo para isso, tem um volume  superior-algumas representações abstratas, ou seja, deduzidas das precedentes. Essas representações foram chamadas de conceitos porque cada uam delas compreende em si, ou antes, sob si, inumeráveis indivíduos dos quais ela é concepção coletiva. È possível também defini-las como representações extraídas de representações. " (PG 67);
" O conhecimento, mesmo sensível, é, segundo ele, antes de mais nada, obra da inteligência, para a qual os snetidos só servem de instrumento. " È preciso que o entendimento crie, ele próprio em primeiro lugar, o mundo objetivo. Não é  o mundo  que entra pronto em nossa cabeça pela porta dos sentidos e pelas aberturas dos órgãos. Os sentidos não fornecem nada além de matéria bruta que o entendimento  transforma inicialmente, por meio das formas simples de espaço, tempo e causalidade, em percepção objetiva de um mundo material regido por leis. Portanto, nossa percepção cotidiana, nossa percepção empírica, é uma percepção intelectual".
Kant poderia assinar esse trecho. Em suma, a doutrina da primeira obra de Schopenhauer, apesar de algumas reservas de detalhes, era puro Kantismo". (PG 68);






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